Utoya 22 de Julho - Terrorismo na Noruega (2018) Poster

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Título original:

Utøya 22. Juli dublado

Ano de produção: 2018
Nacionalidade: Noruega
Gênero: Drama / Suspense / Novos Filmes
Dirigido por: Erik Poppe
Com: Andrea Berntzen, Aleksander Holmen, Brede Fristad
Duração: 1h33min
Qualidade do video: Full HD / 4K
Áudio: Português

Qual é o distanciamento necessário para abordar uma tragédia real? Quanto tempo é preciso esperar após os acontecimentos, e quais recursos são eticamente indispensáveis para abordar uma matança? Em U - July 22, o diretor Erik Poppe mexe num vespeiro. Ele decide se apropriar dos eventos de 22 de julho de 2011, quando um norueguês de extrema-direita invadiu a ilha Utoya e atirou em centenas de jovens durante 72 minutos, deixando 77 mortos e centenas de feridos. Para ilustrar o caso, o cineasta utiliza o plano-sequência, ou seja, a imagem ininterrupta. Esta escolha permite não apenas demonstrar o virtuosismo técnico da equipe – afinal, a câmera corre em bosques e desce montanhas junto da protagonista – mas também garantir a falta de respiro, a imersão total nesta experiência. O filme jamais deixa espaço para que o público reflita sobre o que está vendo. A intenção é acompanhar o sofrimento ininterrupto de Kaja (Andrea Berntzen), jovem fictícia que visita o local ao lado da irmã mais nova. O diretor procura recriar os fatos com a maior fidelidade possível. Ele poderia representá-los, aludir aos mesmos metaforicamente, mas opta por oferecer ao espectador a impressão de estar no local, na pele de um dos adolescentes. Estamos próximos de um slasher game, ou uma dessas visitas reais a campos de concentração. O trauma é transformado em espetáculo, com direito a intermináveis minutos de pessoas gritando, correndo, chorando, implorando por suas vidas ou perguntando onde estão suas mães. De tão direto, o raciocínio soa punitivo: se as pessoas sofreram no caso real, que o espectador sofra também. Na intenção de tornar o percurso mais atraente, o roteiro transforma Kaja em heroína. Não apenas uma heroína, mas a única na ilha. Enquanto os outros adolescentes estão compreensivelmente correndo e tentando se salvar, Kaja arrisca sua vida para salvar a de pessoas que não conhece, como um garotinho indefeso ou uma adolescente ferida. Em outro momento, conhece um possível interesse romântico durante o massacre e compartilha os seus dotes vocais cantando “True Colors”. Kaja, garota aparentemente comum, transforma-se em ídolo. Ela corre, ela se esconde sozinha, ela pensa nos outros. Ela canta. Como evocação do terrorismo, no sentido estrito do termo, o projeto funciona bem. O atirador nunca é visto de perto, apenas como uma silhueta distante. Não sabemos se os barulhos são tiros de fato, nem de onde vêm, onde miram. A confusão dos sentidos e o medo de um perigo invisível são evocados com naturalidade pelos diálogos. A discussão dos jovens sobre o atentado anterior em Oslo – Teriam sido os terroristas? Apenas um vazamento de gás? – também corresponde de modo verossímil à ideia de terror e suas perturbações. Afinal, o terrorismo como ato político envolve o desconhecido, a aleatoriedade, a sensação de que qualquer poderia ser o alvo. É uma pena que Poppe invista tanto no fetiche da morte em tempo real, além da noção conservadora de que sobreviventes de tragédias constituem, por definição, heróis. “Mas o que foi que eu fiz?”, perguntava racionalmente o personagem de Jake Gyllenhaal em O Que Te Faz Mais Forte, ao ver pessoas aplaudindo o fato de ter perdido as pernas num atentado. Qual é o mérito de ser uma vítima? U - July 22 aposta nesta noção de uma pessoa “especial”, “escolhida”, ao focar sua câmera o tempo inteiro no rosto e no corpo de Kaja, acompanhando-a atentivamente, a dois passos atrás dela. Qual é a diferença entre o atirador perseguindo os jovens e a câmera perseguindo a personagem? Em inglês, inclusive, o verbo utilizado é o mesmo para os dois: to shoot. Quando o olhar da câmera finalmente se confunde com o olhar do atirador, mirando as vítimas com sua arma do alto de uma colina, a impressão é confirmada: esta é uma câmera voyeurista. Uma câmera-sniper. Estamos colados à vítima, mas do ponto de vista do atirador. Vemos Kaja de fora, sem conhecer suas motivações, seus pensamentos, apenas como um corpo móvel que a câmera se esforça para enquadrar. Um alvo. O filme se conclui sem oferecer nenhuma reflexão relevante sobre o seu tema. Nada sobre os aspectos políticos, sociais, psicológicos do que ocorreu em 22 de julho de 2011. Sabemos o que já sabíamos no começo: um atirador entrou na ilha e passou a atacar pessoas. O resto é pura sensação, emoção, simulação. Massacre porn.

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